Por conta disso, a direção cobriu a produção de cuidados técnicos, contratou atores conhecidos do público e investiu na gravação de cenas externas. Dividida em 16 episódios e com previsão de estreia para janeiro, a série é baseada na história bíblica do Livro dos Juízes, e conta a saga de Sansão, um guerreiro hebreu com força sobre-humana, interpretado por Fernando Pavão, que tem a missão de libertar o povo de Israel da dominação dos filisteus. A maior preocupação da cúpula da emissora era fazer esta adaptação de maneira coerente com a história original, mas que também resultasse em um bom produto de entretenimento. “Me mantive fiel à história, mas 30 personagens foram criados para dar sustentação à trama e acentuar os elementos fundamentais para despertar o interesse do telespectador: ação, suspense, romance e humor”, valorizou o autor Gustavo Reiz.
As gravações começaram em agosto e já passaram pelos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Ceará. Atualmente, os trabalhos estão concentrados na cidade de Niterói e no Recnov, estúdio da Record em Vargem Grande, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro. O aparato de produção de arte e cenografia é enorme, principalmente na cena do casamento entre Sansão e Ieda, a primeira mulher do guerreiro, papel de Rafaela Mandelli. A cena é vista como uma das principais da história, já que Ieda é uma filisteia e a celebração acontece na suntuosa casa de seu pai, Simas, personagem de Roberto Perillo. “Ieda é o primeiro grande amor de Sansão, mas ela está prometida para o Faruk, um soldado Filisteu. Ela se casa com Sansão depois que ele vence um duelo com o Faruk, mas seu povo não consegue aceitar esse casamento”, explicou a atriz Rafaela Mandelli.
O pai de Ieda é um rico filisteu e sua casa lembra um palácio. A decoração do casamento é marcada pela influência da cultura grega nos filisteus. Uvas e plantas emolduram o cenário dominado por uma estátua de Dagon, um dos deuses adorados pelo povo politeísta. As cenas de estúdio garantem muito trabalho para a equipe técnica, principalmente os setores de cenografia e direção de arte. Afinal é deles a missão de recriar lugares e celebrações que remetem ao ano de 1.500 antes de Cristo. “Nosso trabalho inicial foi de muita pesquisa, mas não há tantos registros estéticos sobre a época”, esclareceu Alexandre Faria, chefe da direção de arte.
Ao chegar a celebração, Ieda é anunciada aos convidados por sua irmã, a invejosa Judi, interpretada por Juliana Lohmann. A noiva e Sansão seguem até o altar onde está um sacerdote levita, que celebra a união entre os dois. Comandando a cena do casamento está o diretor César Rodrigues. Cabe a ele definir os ângulos das quatro câmaras utilizadas, explicar aos atores a intensidade da atuação e disciplinar os 80 figurantes do estúdio. “É um casamento e todos têm de estar alegres, mas é a cena que marca a primeira traição sofrida por Sansão. O povo pressiona Ieda e isso a leva a um final trágico”, adiantou César. Na pele de Ieda, Rafaela ostentava com orgulho um vestido azul, com tecido plissado na parte inferior e um longo manto, tudo feito especialmente para a ocasião e confeccionado pelos figurinistas da emissora.
A cena é repetida quatro vezes. As duas primeiras foram interrompidas por questões técnicas, normais neste tipo de gravação. Outros dois takes serviram para captar outros ângulos da festa. O final lúdico da gravação foi a parte mais trabalhosa para a equipe. Quando Ieda e Sansão selam o matrimônio com um beijo, começa uma chuva de pétalas de rosas. No início, apenas um contrarregra estava jogando as pétalas, e a ideia não surtiu efeito. O resultado foi satisfatório quando outros três contrarregras entraram em cena com balde repleto de pétalas. “O momento das flores foi bem chato de realizar. É preciso estar atento aos detalhes. O resultado ficou lindo! Podem esperar para ver”, jurou o diretor.
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